Os Paradigmas dos Games: Jogos que nos Ajudam x Jogos que nos Desafiam
Autoria e Edição: Júnior Malacarne
Revisão: Eurípedes CDX
Imagens: Internet
"Você
nunca zerou Super Bomberman? Mas ele tem continues infinitos!"
Sim
meus amigos de controle... eu lembro até hoje de quando fui
humilhado por um amigo meu com essa frase porque realmente...
admito... eu nunca zerei Super Bomberman de SNES, mesmo ele tendo
continues infinitos! Ahhhhh!
Tudo
bem, digo humilhação mas o episódio não foi tão pesado assim.
Mas que ele me zoou muito na hora, isso é verdade. Não lembro a
minha idade, mas eu estava entre a infância e a adolescência. Eu
gostava e me divertia muito com videogames, jogava e conversava muito
sobre games com meus colegas de rua e de escola, mas tenho que
admitir que no geral eu não era um jogador tão excelente assim como
alguns seletos amigos meus eram (e não o sou até hoje, verdade seja
dita).
A
lembrança desse episódio me inspirou a escrever este pequeno
artigo. Mas
não estamos aqui para falar da minha falta de destreza nos games
(mesmo com meu gosto e insistência), e sim sobre a transição de
paradigmas que vivemos ali nos anos 90 e dos jogos que facilitavam a
nossa vida, como esse da minha história.
Nos
anos 80 e 90 acho que vivemos dias de glória nos fliperamas enquanto
os consoles de mesa também foram crescendo cada vez mais após a
crise do setor em meados dos anos 80. E talvez os fliperamas, apesar
de não mortos por completo, vivenciaram sua decadência no final da
década de 90. A verdade é que existia um paradigma Arcade nos
flipers que cobrava destreza dos jogadores enquanto os consoles de
mesa viviam uma transição deste para um paradigma de mais Imersão,
que "incentivava" mais os jogadores. Já explico o meu
ponto de vista.
Os jogos Arcade eram “papa-fichas”. Já nos consoles domésticos,
o jogador tinha “todo o tempo do mundo” para jogar em casa.
Os
jogos Arcade naquela época procuravam desafiar e dificultar a vida
dos jogadores limitando suas chances para que então estes
pudessem
estar, cada vez mais, "batendo mais fichas", e assim, dando
lucro aos donos de fliperamas. Eram poucas chances em uma ficha de
retornar onde se tinha perdido (continues), quando não uma só;
havia também uma pontuação clara e competitiva para incentivar o
jogador a avançar cada vez mais, não importando quão poucas
chances teria naquela única ficha. Esse era basicamente o paradigma
Arcade. Muitas vezes a narrativa do game tinha um desenrolar até um
pouco mais simples para focar nesses aspectos de jogabilidade.
Nos
consoles domésticos os jogadores levavam a experiência para casa.
Pagavam pela posse e propriedade daquela cópia do jogo e tinham
"todo o tempo do mundo" para desfrutá-lo e avançar de
quantas formas o jogo permitisse. A ideia então começava a ser
"imergir" e envolver o jogador, ou fidelizá-lo à franquia
ou ao jogo em si. Muitos elementos do paradigma Arcade continuavam
presentes nos jogos domésticos mas, com essa transição e com a
evolução da tecnologia (mais memória nos hardwares domésticos,
mais opções de jogabilidade, etc.) começaram a aparecer cada vez
mais dispositivos como save states, passwords, continues a mais que
nos fliperamas, ou ainda macetes para vidas ou continues infinitos,
tudo para aumentar a imersão (sem falar nas histórias, modos
diferentes de jogo e trilhas sonoras
cativantes
em muito games que também cooperavam para isso).
Os
jogos domésticos começavam a ter mais recursos para facilitar nossa
vida: passwords, save states, continues a mais, macetes diversos,
etc.
Quantos
passwords não anotávamos em nossos cadernos, cheios de números,
letras, desenhos de personagens (ou ainda aqueles passwords
quilométricos de International Superstar Soccer!)? E os macetes para
aumentar os continues de Mortal Kombat 3, de 5 para 30? E os saves da
franquia Donkey Kong Country que custavam as suadas moedinhas
conseguidas no decorrer das fases? Ou em Super Mario World que
tínhamos que esperar passar um castelo ou fortaleza para salvar o
progresso do jogo? É meus amigos, esse período de transição que
vivemos não foi tão fácil como muitos jogos de hoje em dia que já
vem com saves automáticos e tutoriais simplificados para ajudar o
jogador.
Alguns
jogos dos
consoles de mesa daquela
época se mantinham "Caxias", como O Máskara que não
tinha nem save e nem password. Outros, como Sunset Riders e Aero
Fighters, eram ports de arcades mas facilitavam um pouco a
nossa
vida, dando opção de mudar o nível de dificuldade e de aumentar a
quantidade de continues até certo limite.
O
Máskara não te dava recursos como saves e passwords.
Já Super Bomberman te dava tanto passwords quanto continues infinitos.
E
tinham esses que facilitavam muito, dando continues infinitos
nativamente, além de passwords, como Super Bomberman de SNES (e que
mesmo assim tinha gente que não conseguia zerar!... kkk).
Fazer
o que né? Posso tentar zerá-lo agora depois de adulto (se sobrar
tempo). Mas uma coisa é verdade: foi incrível vivenciar essa
evolução dos games, tanto a tecnologia dos jogos e dos consoles e
também essa transição de paradigmas do Arcade dos fliperamas para
a Imersão dos consoles domésticos, sabendo que cada um dos dois tem
o seu valor.
Mas
é interessante notar, por outro lado, como em alguns casos as coisas
se inverteram. Muitos jogos mantiveram o paradigma Arcade como um
avanço simples pelo jogo e conquista de pontos, contando com os
dispositivos de tutoriais, saves, passwords, etc, sendo sinônimo de
uma jogabilidade mais "facilitada", enquanto outros
mantiveram o paradigma de Imersão mas de forma bem mais desafiadora
para o jogador, como é o caso da comparação entre os jogos de
corrida Arcade e os de Simulação, além de outros estilos de games
também.
Hoje
em dia os jogos “Arcade” geralmente são mais facilitadores do
que antigamente.
Já os de “Imersão” podem ser mais desafiadores.
Tudo
bem que há
jogos de imersão que ficaram muito facilitados hoje em dia, que
acabaram perdendo a graça, mas isso pode ser assunto para outro post
rsrs…
E
você? Era daqueles que perdiam muita grana batendo fichas em Metal
Slug nos fliperamas, daqueles que perdiam a conta dos continues
gastos jogando em casa, ou daqueles que zeravam o jogo com um
continue só? Conta para nós nos comentários também se prefere
jogos mais "Arcade" ou jogos mais "Imersão",
jogos
mais facilitados ou jogos mais desafiadores,
e vem viajar nessa boa nostalgia com a gente, porque aqui nós vamos
Muito Além dos Videogames!
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